Vivemos numa teia, onde se entrelaçam ideias e pensamentos,
palavras e sentimentos, se fazem ou se desfazem laços. Estamos num emaranhado
de acontecimentos ruins e bons. Difícil pra mim é entender a maldade, a falta
de solidariedade, a intolerância que em muitos momentos se espalha, se
"agranda" chega até se agigantar. Alguém planta uma erva daninha ali e um
tanto de outros colhem, regam, cuidam e espalham a mesma erva, só que aumentada
e alimentada. Somos inerentes dos julgamentos, nunca sairemos ilesos, mas podemos escolher o quanto eles nos afetarão.
Já disse Martha Medeiros: "Costumamos
julgar roupas, comportamento, caráter, somos juízes indefectíveis da vida
alheia... A sua felicidade não é a minha, e a minha não é a de ninguém. Não se
sabe nunca o que emociona intimamente uma pessoa, a que ela recorre para
conquistar serenidade, em quais pensamentos se ampara quando quer descansar do
mundo, o quanto de energia coloca no que faz, e no que ela é capaz de desfazer
para manter-se sã. Toda felicidade é construída por emoções secretas. Podem até
comentar sobre nós, mas nos capturar, só se permitirmos."
"Precisamos ensinar os filhos
a tolerar". Quanto a mim, prefiro que eles respeitem, tolerar parece algo
imposto, não aceito, não entendido, apenas tolerado.
As vezes
minha vontade é de sentar embaixo do pé de uma das minhas árvores e chorar, por vezes, faço isso, geralmente é um choro intenso, mas
breve, porque tenho minhas crias pra educar e uma vida inteira pra ser feliz. Pois é: COMO EDUCAR OS FILHOS
NESSA TEIA?
"Rosane,
desse jeito tu vai criar uns ETs." Recentemente ouvi isso de uma
pessoa, e tenho ouvido outras coisas parecidas. Não pensem que elas
passam batido por mim, não mesmo, me questiono, reflito, converso com quem amo
e confio, procuro informações e depois de tudo, volto lá para minha
intuição, minhas crenças, meus valores, revejo-os, os reescrevo dentro de mim e
uso a minha balança interior: peso, e refaço. Algumas Minto para mim mesma, as
vezes, só para não ter que tomar outro caminho, pelo menos agora... Tenho alma na roça, com raízes fortes na simplicidade. Tenho em mim aquele tempo em que a gente parava pra conversar com um desconhecido, sem medo de que ele levasse algo de
nós. Meus filhos não têm amigos por causa do
sobrenome que carregam, ou porque os pais são bem sucedidos e influentes na
cidade. Na verdade, procuro a distância de tudo
isso. Quero meus filhos crescendo com os bichos, em contato com a terra, com a
natureza... Claro que estão conectados com a tecnologia, com a arte, com a cultura, com o aprendizado
cognitivo, com os AMIGOS, com as riqueza e com as pobrezas, com a beleza e a
feiura que existe no mundo, se eles não as conhecerem, como poderão
transformá-las? Mas, confesso: as vezes meu desejo é criar uma bolha para vivermos dentro dela. Uma historinha: em um dos meus
aniversários o marido me perguntou o que eu queria de presente, lhe respondi
que queria umas mudas de árvores e flores, ele riu e me falou que queria me dar algo mais pessoal, então eu lhe disse: "me compra umas luvas,
um avental e umas ferramentas novas de jardim", o marido riu e no riso saiu um eu te amo! Sou assim, se estou certa ou errada, nem sei... Mas o que esperar de uma menina em
que a mãe esmagava folha de louro na testa entre os olhos para que eu
sentisse o cheio da folha?
Estamos
vivendo num tempo que chove informações e discrepâncias. Pois bem nessa troca de verdade e inverdades, de desejos e
escolhas muitas coisas se revelaram, vejo gente explorando pessoas indefesas, achando graça da desgraça alheia.
NÃO SOU NENHUMA SANTA, nem a pessoa mais boazinha do mundo, erro,
devo sim cometer maldades, sem percebê-las ou quem sabe até sabendo que as
cometi, mas prezo pelo bem. Saber que pessoas próximas a mim enxergam a
vida muito diferente e acham normal rir, denegrir, humilhar... Me faz refletir
ainda mais sobre o que quero por perto e o que quero bem longe. Eis que nesse
emaranhado de coisas tivemos que escolher a escola dos filhos, lá fomos nós nas
mais tradicionais e indicadas. Não existe escola
perfeita, ainda bem, mas alguns valores realmente se perderam no meio do
caminho, não que seja lá a única fonte de tê-los, em casa é que eles se fortalecem, mas acredito que a escola é
sim muito influente na educação dos nossos filhos. Por fim escolhemos uma
escola que julgamos andar num caminho muito próximo ao nosso, onde o ser humano
é mais importante do que qualquer "coisa". Uma escola que tem uma pedagogia voltada para o ser. Católica, mas que respeita todas as outras, no último dia das
mães fizeram uma celebração ecumênica: convidaram pastores, padres, budistas,
espiritualistas e ateus para darem seu depoimento de FÉ. Achei tão lindo...
Me sinto bem a vontade em escrever sobre isso aqui na
minha caixinha de sapato virtual, temos muitos amigos, porém por alguns deles
eu sou meio que uma "ovelhinha negra", pois nossos assuntos e anseios
pouco têm em comum, mas essa diferença também faz bem, também ensina, se apara arestas e se refaz conceitos: Um dia levamos nossas crias num evento no shopping, com um grupo
de amigos e seus filhos. Na hora de fazer um lanche, sentamos todos na
praça de alimentação, ao nosso lado tinha uma mulher gordinha com uma calça bem
justa, e daí?? Duas das mães do nosso grupo começaram a fazer deboche, na frente de
todos e da filharada: "Se isso é andar na moda então? (risos) Por favor gente...
Cada um no seu quadrado.... Essa gordinha não se enxerga." Ninguém falou nada, algumas crianças
riram (principalmente os filhos delas). Quando estávamos sozinhos a Raquel me disse: "Né mãe que cada um é do seu jeito, né que cada um pode ser gordo,
magro, tatuado, branco, negro, cabeludo..." Me dei conta de que ela estava
se referindo a situação vivida anteriormente. Fiquei bem feliz! Desculpa, mas não quero ficar perto de gente assim! Nunca
falei ou falo mal de ninguém? Claro que sim, sou humana, mas não desse jeito,
não desse jeito, de outro, de outro.............. Não julgo aparências, nunca escolhi amigos
na vida por isso.
Cada um com seu cada qual, cada um que busque aquilo que entende
por felicidade. Eu sou sim bicho do mato no que diz respeito a civilização, mas
não me poupo e nem pouparei meus filhos do mundo, nem posso fazer isso, não
vivemos isolados, fazemos parte da teia, no entanto tento lhes mostrar o que
acredito, depois a escolha será deles, e acredito que saberão escolher o
melhor!
Bom gente, escrevi demais, misturei tantas coisas,
tudo isso pra lhes dizer que eu NÃO TENHO A FÓRMULA
da
boa educação, erro e muito, mas sei de uma coisa: tento educar meus
filhos para
que tenham a capacidade de se colocar no LUGAR DO OUTRO
nessa TEIA CHAMADA
VIDA!