Pão-Amor (receita)





2 de outubro de 2019





Por aqui fazer pão é coisa sagrada, dessas que assumem um caráter de ritual da família, vira memória em textura, cheiro, cor e sabor, além de muito afeto. Trago todas essas lembranças da minha infância, sempre via minha mãe fazer pão, espera chegar os sábados (dia de faxina e pães caseiros). A casa tinha um aroma de cera em pasta que era passada no chão e de pão que assava no forno, nunca, em tempo algum esqueci desses cheiros, espero que eles fiquem vivos em mim para sempre.
Então memória afetiva com essa força toda fez morada em mim o desejo de fazer pão também, fazia antes de casar, junto da minha mãe, depois de casada e de ter minha própria casa continuei fazendo, e até aperfeiçoei, hoje além dos pães que aprendo com a minha mãe faço outros e também os de fermentação natural.
E mais que isso, hoje em dia tenho mais mãozinhas na massa do que antes e isso enriquece os pães e a nossa vida.

Penso que tudo isso também é uma forma de revolução, das mais amorosas do mundo. estar presente, fazer coisas que se ama fazer, ser o que se quer ser. estar no lugar que se quer estar, sem atravessamentos ou atravessadores, sem culpa, sem preocupações se estávamos mudando o mundo todo, porque estávamos criando um mundo bom ali, entre a gente, edificando emoções, aprendendo juntos, descobrindo um novo jeito de comer pão (uma combinação ainda não experimentada). sabemos que tudo isso se refletirá em algum tempo, lugar e vidas. estamos mudando tantas coisas, transformando outras.
Enfim, eu sou muito feliz em poder observar e estar presente na vida dos meus filhos dessa forma, seja fazendo pão ou lhes ensinando filosofia, música, arte. ou ainda lendo livros, escrevendo o meu, pintando minhas ilustrações. nenhuma coisa anula a outra. me assusta um pouco algumas pessoas acreditarem que sim.
SOMOS MUITOS.  O preconceito que existe em torno de pessoas que escolhem viver dessa forma nos afasta. Lugar de mulher, homem e criança é onde eles quiserem. Ora dando palestra, ora estendendo roupas, ora cuidando dos filhos (se tiver), ora cuidando de si mesma, ora brincando, ora descansando, ora passeando, ora dentro de casa, ora fora, ora fazendo pão, ora fazendo revolução.














Olha para essa massa crescendo e sempre enxergo tanta coisa nela, uma vez minha filha disse que parecia um planeta...




Hoje vou compartilhar a nossa receita de pão com farinha branca e de fermentação química, não é o meu mais amado, mas é o queridinho da turma daqui. Essa receita é da nossa família, da minha mãe, é o mesmo pão que eu fazia quando era pequena, mas naquela época usava açúcar cristal comum e sal branco.

Ingredientes:
1 k de farinha de trigo, 1 colher bem cheia de fermento biológico seco, 1 colher de sopa de açúcar (eu uso o demerara ou o mascavo), 1 colher de chá de sal (uso o do himalaia), leite o suficiente para dar o ponto (em média de 300 a 400ml), 1 colher de gordura (eu uso banha ou manteiga, mas pode ser azeite, óleo de coco ou outro óleo), 1 colher de creme de leite fresco, por aqui chamamos de nata (opcional).


Preparo:
Coloque a farinha num recipiente grande, misture bem o fermento, o açúcar e o sal, depois a colher de gordura e a nata, coloque o leite esquentar (não ferver) e o acrescente aos poucos na massa, sovando-a ainda dentro do recipiente. Quando ela estiver num ponto que desgrude dos dedos, mas não dura, passe para uma bancada e MÃO NA MASSA!! O segredo para o pão ficar macio é sová-lo bem. 
Depois disso coloque a massa de volta no recipiente, cubra com algo que a mantenha aquecida. Deixe descansar e crescer por mais ou menos uma hora e meia a duas horas. Sove a massa de novo, mas por menos tempo e com delicadeza, forme os pães e coloque-os em formas untadas. Costumamos i com um pouco de farinha, mas isso é por que achamos que eles ficam ainda mais bonitos!
Espero que acertem e gostem, qualquer coisa me perguntem.

Outro dia vou colocar aqui a receita do pão integral e depois dos de fermentação natural.

Até mais gente!









Muito feliz em escrever nesse lugar que é minha morada da escrita para o mundo.

Rosane Castilhos

5 comentários:

  1. Olá.Rosane
    Que bom que voltou. Fico feliz pelo seu retorno e sinto na sua escrita que também está muito feliz com sua linda família.
    Cheiro de pão feito em casa é cheiro de aconchego e carinho de mãe.
    Sabe....nunca tive muita paciência para fazer pão em casa, mas minha mãe também fazia e o cheiro dele me remete a coisa gostosa.
    Parabéns pela feitura, que você tenha sempre essa vontade.
    Grande abraço.
    Mari

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  2. Que sensação linda essa de ver as mãozinhas "sujas" de farinhas ao invés de dedinhos digitando celulares! Delícia de pão e fiquei babando aqui, imaginando ele quentinho, ainda com fumacinha e um pouco de manteiga...HMMMMM.... Delícia te ler e ver tudo aqui! bjs, chica

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  3. É uma delicia ler seus textos. Faz a gente trazer a superfície do eu o passado que tá lá no fundinho da gente. Minhas memórias afetivas e olfativas são diferentes. Lembro dos bolinhos de farinha e ovos da minha mãe. Do cheiro do bolo de banana pelo quintal e enquanto brincava. Fazer pães virou paixão depois que fui morar na roça e com certeza irei testar sua receita, achei diferente o uso do creme de leite. Pois é, há um certo desprezo por aquelas que abandonaram sua vida profissional pra lidar com casa e filhos (filhos, há tanta coisa bonita e difícil ao mesmo tempo na criação. Ainda assim é tão válido). Tenho as vezes a ligeira sensação que fazer tal escolha é considerado transgressão fatal. Tem toda razão, nosso lugar é aonde pomos nossa felicidade. Bjos (Saron)

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  4. Receita anotada.
    (Endereço do blog, também.)

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  5. Acho que aperfeiçoar essa receita assim, acrescentando mãozinhas a sovar, a acrescentar farinha, a beliscar um pão saído do forno é receita de felicidade!
    Tua escrita também me transportou para o cheiro da cera passada de joelhos e depois lustrada com enceradeira! Às sextas, em casa tinha cheiro de cera. Na memória afetiva de teus filhos, vai ter também cheirinho de pão!
    Delícia estar aqui!
    Ana Paula

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